terça-feira, setembro 09, 2008

CRÔNICA

A crônica é o comentário noticioso de fatos, que vive do cotidiano mas não visa a informação. Pode ser uma espécie de narração de acontecimentos, uma apreciação de situações ou, na definição tradicional, assumir-se como relato histórico. Antigamente, a crônica era um relato histórico ou uma narração de fatos históricos redigida segundo a ordem do tempo. A crônica moderna é, muitas vezes, uma apreciação crítica, um comentário ou uma narração de acontecimentos reais ou imaginários, a que se exige oportunidade e caráter pessoal, alterna a subjectividade literária com o relato de fatos.

O PENSAMENTO VIVO ( MIGUEL ESTEVES CARDOSO ) - Há qualquer coisa de errado na família. A família não funciona. Sei que, como conservador, deveria defender a família. Mas não consigo. A família é indefensável. É um equívoco. É um efeito de economia. A família está a dar cabo das pessoas. E das famílias. - A morte é um nojo. Morrer é uma autêntica vergonha. Que sentido é que faz? A vida pode não ser bonita, mas a morte é um horror. Qual paz, qual sopa de alho porro. Qual "não tenhas medo, estás nas mãos de Deus"! Diante da morte, o medo é a única reacção sensata que se pode ter. A morte é um atraso de vida. - A vida pode ser difícil mas a morte é demasiado fácil. A vida é diferente mas a morte é igual. A vida é comprida. A morte é um instante. Da nossa vida tudo nos é pedido e esperado. Da morte ninguém exige nada. Mais vale viver mal e errado que morrer bem a arrumado. - Em bom português, a expressão "Estás com boa cara" significa exactamente: "Ultimamente tens andado com má cara". A partir de uma certa idade, a cara é muito importante. De nada interessa uma pessoa sentir-se bem, ou estar bem, ou mesmo ser bem. Em Portugal, todos os check-ups do mundo não valem o olhinho arguto de um transeunte que diz " Está com má cara". - Não há nada, mas nada, mais entediante do que ouvir alguém contar um sonho. Dá sono. Para adormecer, não há melhor. Quanto mais esquisito o sonho, mais chato. - Os melhores sonhos de todos são aqueles que nos põem a pensar e a mexer. Os únicos sonhos de que vale a pena falar são os que não nos deixam dormir. - Voltar a Portugal é como voltar a fumar: é maravilhoso e, ao mesmo tempo, horrível. - Os homens são brutos e insensíveis. Matam mais criancinhas, portam-se pior à mesa, cospem e coçam-se mais. Os homens - e sobretudo os homens que gostam de mulheres - são menos inteligentes, menos delicados e menos civilizados que as mulheres. A única coisa que têm a favor deles, à parte certas características discutíveis, como serem menos histéricos, é as mulheres gostarem deles. Por que é que as mulheres gostam dos homens? Como lésbica que sou nunca entendi. - Confesso. Não acredito em Deus. Recuso-me a ser ateu. Quero acreditar em Deus. Faz-me falta. Faz-me mal não acreditar Nele. - Ser filho é difícil. Mais difícil que ser pai. É raro ouvir-se falar de um "bom filho". Por alguma razão. Os filhos são sempre maus. Mamam e fogem. Sugam os pais até o tutano, dando-lhes cabo da paciência, da saúde e do orçamento e quando estão anafados e nutridos, licenciados e fresquinhos, chamam-lhes senis e dão o solex à primeira oportunidade. - O que mais notabiliza o assassino português é já estar morto. Ou pelo menos preso. Os nossos homicidas matam-se e entregam-se mal estejam despachados. Os assassinos estrangeiros fazem questão de continuarem vivos. Combinam, premeditadamente, os seus crimes, planejam fugas, arranjam álibis, dão luta aos investigadores. Os nossos, está quieto. Os assassinos estrangeiros voltam ao local do crime: os portugueses nem sequer se dão ao trabalho de abandoná-lo. - Nós, portugueses, somos demasiado teatrais no dia-a-dia para sermos bons actores no teatro. - Um menino é um fascista com lapsos de anjinho. É um tirano-junior maníaco depressivo de lágrima-puxa-risota e risota-puxa-birra, com o coração mais branquinho, a transbordar de fuligem e de maldade. É um psicopata com as asas presas nos suspensórios. - Se há uma coisa que os portugueses não têm à mesa é finesse. A fineza é uma coisa que fazem. Não é coisa que tenham. - Quando eu era garoto pensava que "decadência" significava "caírem os dentes". Depois aprendi que não era. Hoje descobri afinal que era verdade.

SEM ALTERNATIVA

(aluno: Luan - Módulo III B)

Sentado debaixo de uma árvore, estava Pedro, vendo alguns meninos jogarem bola. Volta e meia, gritava e agitava os braços incentivando-os e observando qual deles era o melhor da turma, como se ele tivesse algum poder de influenciar clubes da região. Apesar de estar ali, sempre lembrava de Joana. Nisto Joana passa, ele se assusta, tenciona ir embora, pois tinha medo que alguém os visse juntos, e percebesse seus sentimentos. Porém ela passa indiferente. Ao chegar à escola conversa com sua professora preferida:

- Quero desistir da escola, professora! Ela segurou-o pelo braço e disse:

- Por que Pedro? A escola irá melhorar o seu futuro.

- Estou muito chateado. A professora então disse:

- Mas você não pode fazer isto por causa da Joana, querido.

- Mas eu gosto dela professora e eu vou acabar ficando sem alternativa.

- Bem, Pedro. Eu já dei a minha opinião, pense bem...

Pedro estava inconformado com a indiferença de Joana. Mas, quando a avistou, andando pelo parque, com seus cabelos soltos ao vento, aproximou-se e disse:

-Preciso conversar com você.

-Pode falar.

- Eu gosto de você, Joana. Quero namorar contigo.

- Mas nós somos apenas amigos de escola, não posso.

- Para Pedro o mundo acabou ali, naquele momento. Ele queria se matar, entrar para o mundo das drogas e estava determinado a largar a escola. Sua professora então, interviu:

- Pedro, tenha juízo! A Joana nunca vai ser tua.

- Eu não quero falar sobre isso. Me deixa em paz!

- Você não quer desabafar um pouco!

- Não, professora. Já falei para me deixar em paz.

- Você não pode deixar seus estudos, Pedro.

- Mas professora, eu preciso "dar um tempo".

Pedro morava sozinho, não tinha pai nem mãe. se sentia sem alternativa, e gostava muito de Joana.

- Tudo bem, não vou falar mais nada, Pedro. Faça da sua vida o que você quiser. Eu já tenho os meus próprios problemas.

Pedro, sentindo então mais sozinho, informado lhe disse:

- Não preciso da senhora!!!

Pedro ficou desgostoso da vida, começou a beber, fumar, saiu da escola e entrou no mundo do crime. Joana nunca gostou dele, ela nunca iria namorar com ele. Mas, ele só tinha olhos para ela, não tinha mais ninguém que o fizesse feliz. Pedro é mais um desses meninos que largam a escola por causa de coisas que tem solução e alternativa, mas que eles pensam que não há, e entrou no mundo do crime.

A SURPRESA

( Cleide Aparecida - Módulo III B )

No dia 26 de Julho foi meu aniversário. Eu estava muito feliz, pois iria fazer uma feijoada para reuniar minha família: filhos, netos, irmãos, sobrinhos e amigos escolhidos a dedo.

Enquanto cuidava das minha panelas, as minhas netas Carol, Thaynara, Letícia e Roberta, ficaram de cochicho pelos cantos entravam e saiam do quarto para a sala e vice e versa. perguntei para elas o que estava acontecendo...

- Nada vó, você não pode saber....

Almoçamos, brincamos, papeamos muito. À tarde começaram a acontecer surpresas. Enquanto as meninas se arrumavam e continuavam com os "ti-ti-tis", ao mesmo tempo eu ganhava dois bolos, foi uma surpresa, pois eu não havia feito bolo.

Enquanto eu recebia os bolos, as meninas se preparavam no quintal. Imediatamente alguém me chamou para ver o que elas tinham preparado para mim. Enfeitaram a área, começaram a dançar uma música com coreografia tudo com muito capricho.

Comecei a chorar de emoção, porque elas dançavam e ao mesmo tempo mostravam fotos minhas e liam frases que estavam escritas em um cartaz me homenageando. No final eu as abracei e agradeci a Deus pelos netos maravilhosos que eu tenho.

Foi o dia mais feliz da minha vida, foi inesquecível. Tenho 57 anos, 4 filhos e 10 netos: Natália, Felipe, Guilherme, Ana Carolina, Letícia, Roberta, Thaynara, Igor, Giulia e Giovana.

"Eu amo minha família"

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